© Penélope e o tigre Ulisses #1

como prenda de casamento, as mulheres construíram-nos uma casa em terracota, ampla e caiada de branco, para lá do hospital de campanha da aldeia. deste modo elas estavam perto e nós podíamos viver juntos. o consultório da enfermeira ficou estritamente para os três trabalharem. o casal construiu uma casa típica no terreno neutro, perto das mães. optaram por caiar a casa de azul clarinho. com a ajuda dos homens, Phil desenterrou as árvores da zona onde o helicóptero larga a carga, na parte sul do terreno neutro e, depois da terra bem revolvida e estrumada, fez um pequeno bosque do lado poente da nossa casa que servia como barreira natural contra o vento e as manadas, já que estávamos num descampado onde as mulheres deixavam a roupa a secar sobre a urze. eu e a enfermeira éramos consideradas irmãs de Lua pois tinhamos engravidado na mesma noite. tivemos duas meninas. a anciã chamou Aurora à nossa filha (que Phil registou como Dawn Scott) e Esperança à filha da enfermeira, pois foi um parto muito complicado e todos tinhamos temido pela vida de ambas. Ulisses parecia um gato pachorrento e brincalhão. as guerreiras perceberam que tínhamos de devolver os tigres à Natureza antes que a alma deles deixasse de ser selvagem. custou-nos, mas conseguimos. felizmente houve uma alcateia que rapidamente os integrou. Aurora e Esperança dormiam juntas nas casas das mulheres da aldeia, enquanto a enfermeira dava apoio no consultório e eu dava aulas. duas vezes por semana os enfermeiros ensinavam anatomia a quem queria seguir medicina e ajudavam nos estudos dos manuais que descrevem os sintomas de todas as doenças. nesses dias as duas bebés ficavam connosco. um dia, um camião parou ao lado do heliporto, deixando as duas aldeias intrigadas. sem nos dizerem nada, Phil e o enfermeiro tinham preparado uma surpresa: criar um berçário, na minha antiga casa, nas traseiras da escola, para crianças até aos três anos de idade. encomendaram seis berços e quatro camas. um fraldário e uma banheira. as duas cómodas vinham cheias de fraldas de algodão.  

(continua)