© Penélope e o tigre Ulisses #3
estava tão focada em deixar a escola operacional no próprio dia que nem dei conta que o edifício era mais comprido do que a ampla sala de aulas. mas a mulher que me recebeu falava francês e deu indicações para deixarem a arca na minha nova casa. só percebi o que estava a acontecer quando começaram a electrificar o meu quarto. a casa só tinha uma divisão com os cantos arredondados, como na sala de aula. todas as casas eram redondas, excepto o edifício da escola que era construído em madeira e parecia rectangular do lado de fora. as mulheres tinham revestido as paredes interiores com terracota e arredondado os cantos. a minha casa era igual. era um edifício dentro de outro. eu tinha aprendido parte do dialecto da aldeia num voluntariado que tinha realizado no ano anterior, sabia bem a vida que tinha escolhido. havia uma equipa médica que vinha à aldeia uma vez por mês. a população era agora composta por cerca de uma centena de mulheres e crianças. entre elas havia uma curandeira e uma enfermeira, filha da aldeia. deixara a família para ir estudar na cidade grande e voltou para exercer a sua profissão em prol de todas. era uma jovem extraordinária. em sua homenagem, as mães tinham construído um consultório caiado de branco, que fiz questão de electrificar. como era uma construção típica, em terracota, o painel solar era mais pequeno e estava no alto de um poste, bem enterrado no exterior.
(continua)